segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

[Notícia] "Temos muito por fazer", diz secretário de Segurança Pública


Introspectivo, avesso a se alongar sobre polêmicas ou questões políticas na área que comanda há um ano, o secretário de Segurança Pública, César Grubba, conversou com o Diário Catarinense esta semana, em Florianópolis. Em uma hora com a reportagem em seu gabinete, na quinta-feira, o promotor de Justiça se mostrou angustiado com a dificuldade de melhorar a estrutura da polícia catarinense e de frear a violência. Mas revelou a compra de equipamentos e prometeu ações fortes e inovadoras, como a criação de uma diretoria estadual de combate a narcóticos. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Situação da SSP

— Ainda sinto (angústia). Melhoramos muito em efetivo, viaturas, novas tecnologias. Não querendo pontuar períodos nem governos, mas é uma questão histórica de relaxamento. E é nacional. Todos os estados passam por isso. Eles falam 'pô, tu tá tão bem lá em SC e ainda reclama', principalmente porque não temos mais presos em delegacias. Mas ainda é preocupante, temos muito por fazer. Não consegui resposta em relação a efetivo policial. A recomposição é muito demorada. A ordem é tratar as questões de forma técnica. É uma dificuldade a burocracia, a gestão do Estado. Para a reforma do IGP em Criciúma, foi quase um ano. Em Guaramirim, a companhia estava parada. Até hoje não consegui inaugurar.

PM envelhecida

— A evasão na PM é muito grande. A tropa está envelhecida. São pessoas na idade já de ir para a reserva remunerada. Temos hoje, em SC, 11,6 mil PMs. É o mesmo efetivo de 12 anos atrás. Saíram ano passado da PM 637 PMs. É uma coisa absurda. Conseguimos fazer incorporação de 1.202. Em abril, serão formados 750 PMs.

Baixos salários na Civil

— Ano passado, exonerei mais de 40 policiais civis a pedido, porque passaram em concurso do Tribunal de Justiça. O quadro da PC é de 6 mil policiais, mas temos 3 mil, metade do ideal. Em fevereiro, serão nomeados 600, um grande alento. Levamos quase um ano para entregar os coletes. Eles estavam vencidos desde 2009. Foram 4,3 mil coletes comprados.

Delegacias regionais

— Pedi ao delegado-geral cobrança por produtividade dos regionais. Quero um relatório de 2011, o que foi feito, e a ação prevista, mas pode ter mudanças. Ninguém tem garantia em cargo público. Nem eu. Tenho compromisso com o governador e não fujo da luta. Tenho um trabalho a fazer e fico enquanto tiver a confiança do governador.

Política na segurança

Em 2011, a Polícia Civil por pouco não entrou em greve geral

— Tem, mas isso aí a gente afasta. O governador me pediu uma gestão técnica e disse para eu não me preocupar com política. Os conflitos entre PM e PC são históricos. Há determinadas questões localizadas que precisam ser combatidas, assim como existe entre promotores e juízes. Teve várias situações, mas não queria citar local nem nome. A questão salarial é uma dificuldade. Concordo com eles (Polícia Civil), tem que melhorar.

Crimes

— O número de assaltos cresceu 8% em Santa Catarina. Deste aumento, 20% foi na Grande Florianópolis. Mas, em 2011, o número de adolescentes envolvidos em homicídios dobrou (de 48, em 2010, para 91 em 2011). Hoje não temos onde interná-los. Em Itajaí, por exemplo, não temos mais condições de internar. Teremos uma reforma lá com urgência. Olha o caso desse adolescente que matou o argentino. É recolhido e foge. Levaram para Lages, o juiz não permitiu que fosse internado lá porque ele era de Florianópolis. Foi levado para Itajaí e fugiu na mesma madrugada.

Diretoria de Narcóticos

— Pelo crescimento do tráfico, vejo a necessidade de uma delegacia especializada no combate ao narcotráfico. Em 2012, com a formatura dos novos policiais, ela sai. É meta minha. Será como a Deic, mas só para combater narcotráfico. Estamos também há quase um ano tentando ocupar o Maciço do Morro da Cruz com a PM. Será instalada a base do Batalhão de Choque. Não falta dinheiro. É questão burocrática do Estado mesmo.

Alugueis de prédios

ASSP paga aluguéis de prédios geralmente velhos e inadequados

— A nossa ideia é levar o complexo da SSP para a Ivo Silveira, no Continente, onde fica a Defesa Civil. A gente construiria ali. O terreno é do Deinfra e está cedido à SSP. Temos muitos prédios locados. Hoje, em construção e reformas, são 129 obras no Estado na SSP. A Delegacia Geral da PC vai para a Felipe Schmidt, num prédio do Estado que estava fechado, e sai do aluguel, que, se não me engano, é de R$ 60 mil ao mês.

Morte de vereador em Chapecó

Marcelino Chiarello (PT) foi achado morto em casa, em novembro. A polícia catarinense vai pedir apoio a peritos de SP para reavaliar laudos

— Estou acompanhando o caso. Tive várias reuniões com os delegados. Tem mais de 60 depoimentos colhidos, interceptações telefônicas. Tudo o que é possível a nossa polícia está fazendo. O problema é que não se chegou a ninguém até agora.

Câmeras e viaturas

— Estamos instalando 622 novas câmeras em 53 cidades. Vai ter redução da criminalidade. O total chegará a 1,4 mil câmeras no Estado. Serão contratados 750 agentes temporários para as centrais de videomonitoramento. Em 60 dias, acredito que possamos contratar. Temos 1.885 viaturas com, no mínimo, cinco anos de uso, sucateadas, que terão de ser trocadas. Compramos, em 2011, 634 viaturas novas. Gasolina não falta.

Instituto Geral de Perícias

— No IGP, havia um microcomparador balístico estragado havia 10 anos. Consertei por R$ 40 mil. Havia 3,4 mil laudos à espera. Hoje são 2 mil. Compramos um equipamento de R$ 820 mil para detectar qualquer tipo de substância em local de crime ou corpo humano. Havia demanda reprimida de laudos por falta de equipamento e peritos. Nomeamos 28 auxiliares de medicina legal. Agora, nomeamos 87 novos peritos.

Desvio de motores da SSP

— Abri sindicância administrativa e vou aguardar a conclusão da investigação policial. Confio na comissão da SSP que organizou o leilão da sucata.

Caso Andressa

A menina Andressa Holz foi assassinada em Luzerna, no Meio-Oeste, em 2010. O crime nunca foi desvendado e a autoria segue desconhecida

— Não sei dizer o que houve porque ali é uma questão operacional. Não sei qual foi a falha. Qualquer crime que não seja desvendado é uma frustração muito grande. E permite impunidade. Na Grande Florianópolis, dos homicídios de 2012, tivemos uma resolutividade de 89%. No Estado, esse índice está em 60%. Mas dá para aumentar.

Explosões em caixas

Uma onda de ataques a caixas eletrônicos com explosivos atinge o Estado. Desde agosto, foram pelo menos 30

— Não quero entrar muito nessa questão. Temos vários investigadores e quatro delegados destacados para isso na Deic. Uma das principais metas da polícia hoje é prender essas quadrilhas. Estamos cobrando. Vão sair alguns mandados de prisão. As inteligências têm se conversado, com o Exército também. Temos várias frentes em andamento. Vai haver prisões. 

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/horadesantacatarina/19,0,3639085,Temos-muito-por-fazer-diz-secretario-de-Seguranca-Publica.html

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