sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

[Notícia] Ação policial no Centro de Florianópolis provoca revolta de um grupo de pessoas

A força aplicada por um grupo de quatro policiais para a detenção de um guardador de carros na Praça da Alfândega, no Centro de Florianópolis, provocou revolta de algumas pessoas que passavam pelo local, pouco depois das 16h30min desta quinta-feira. 

Na opinião de Jean Cristopher Echer Medeiros, que estava passando no local quando a ação policial começou, o grupo de cinco policiais militares (PMs) abusou da autoridade e excedeu na força ao agredir o homem que estava sendo detido.

 Veja na sequência de imagens a ação policialQuatro policiais derrubaram no chão o guardador de carros. Ele já estava com as duas mãos algemadas frente ao corpo quando foi jogado no solo. Eles mantiveram o suspeito com o rosto e o restante do corpo colados ao chão. Um policial segurou as pernas do detido enquanto outro pressionou o pescoço no chão, em um gesto de sufocamento - a chamada "gravata". Enquanto isso, as pessoas ao redor diziam que o guardador de carros não havia feito nada e pediam para os policiais se conterem.

Um fotógrafo que atua em Florianópolis e que preferiu não ser identificado disse que os policiais abordaram um grupo de homens que estava sentado na praça. O guardador de carros teria gritado que não era vagabundo e um policial ordenou que ele fosse até um micro-ônibus, onde haviam mais pessoas detidas.

Ao entrar no veículo, o guardador de carros teria sido agredido por outros detidos e gritou pedindo por uma intervenção dos policiais. Um PM teria, segundo o fotógrafo, puxado o homem que estava sendo agredido pelos cabelos e tentado algemá-lo. Sem conseguir fazer isso dentro do micro-ônibus, ele tentou fora.

 

Neste momento, o guardador de carros tentou argumentar que era trabalhador, e o policial teria dito para ele parar de cuspir. Na sequência, o PM teria dado um "bofetão" no rosto do guardador de carros. Outros três policiais entraram em ação para colocar o detido no chão. Para o fotógrafo que presenciou toda a cena, houve despreparo dos policiais para administrar a situação.

— Fiquei assustado ao ver esta operação. Acho que ela desmoraliza a PM que deve usar a força, quando necessário, mas não de forma descontrolada — comentou o fotógrafo.

De acordo com o tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4º Batalhão da PM, a ação policial presenciada pela equipe do DC nesta quinta-feira faz parte de uma estratégia articulada com o Ministério Público e a prefeitura de Florianópolis para tornar o Centro da Capital mais seguro.

 

— Identificamos que um dos fatores de desordem e crime é o comportamento de dois grupos de pessoas que frequentam aquele espaço: os moradores de rua e os guardadores de carros. Muitos deles têm uma relação com o consumo e o tráfico de drogas, principalmente o crack, e praticam ações como a intimidação de pessoas, no caso dos flanelinhas, pequenos roubos de transeuntes e arrombamentos de comércios — explica Gomes.

Há três meses, a PM teria realizado um diagnóstico das áreas ocupadas por estas pessoas e cruzado informações com o mapa da criminalidade na Capital. Na sexta-feira, a polícia deu largada para uma operação de retirada dos guardadores de carros e moradores de rua destes locais.



— Essas pessoas são detidas pela contravenção penal da vadiagem, por vagarem sem endereço físico e por não terem uma atividade para o próprio sustento. Levadas para a delegacia, é lavrado um termo circunstanciado para marcar uma audiência com o MP e depois elas são liberadas — contou o tenente-coronel.

O tenente-coronel não comenta a ação desta quinta por não ter acompanhado o trabalho dos PMs, mas afirma que a ação teria tido o apoio da assistência social da prefeitura. Gomes disse que muitos dos detidos são usuários de drogas, outros têm problemas psiquiátricos e que por isso os policiais sabem que correm o risco de terem que usar a força para contê-los. Ele argumenta que ação de vários policiais para imobilizar uma pessoa, como o que foi feito nesta quinta, diminuiu a necessidade de um uso maior de força.

Gomes disse que vai checar se a prisão do guardador de carros na Praça da Alfândega teve algum desvio de conduta dos policiais, se o procedimento não foi suficiente para resolver aquela situação ou se os policiais agiram corretamente. 

 
Policial lavou os braços com álcool após ação
O major Alessandro Marques, do Centro de Comunicação Social da PM, disse que a polícia é a maior interessada em apurar os fatos. E que se for comprovada alguma situação de abuso de autoridade ou de excesso de força por parte dos policiais, a ação será avaliada e os policiais, punidos. 

— Não posso falar sobre esta ação especificamente, mas acredito que os policiais não agiriam desta forma, no Centro da cidade, se a pessoa que estava sendo detida não estivesse perturbada. Essa situação pode ter levado os policiais a adotarem medidas que podem ter parecido fortes, mas que eram necessárias para imobilizá-lo. Mas tapa no rosto ou chutes, isso nós abominamos. É desaprovado e condenado — enfatiza Marques.


Fonte: Diário Catarinense
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?uf=2&local=18&section=Geral&newsID=a3629319.xml

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